Da coleta à transformação: como o Cerrado está devolvendo vida e oportunidades às famílias de coletores de sementes

Mais de 10 toneladas coletadas, R$ 500 mil incorporados às comunidades e mais de 100 famílias beneficiadas com renda e novas oportunidades

O Cerrado está florescendo de novo e, com ele, novas histórias de vida.

O movimento é impulsionado pelo projeto Rede de Sementes Flor do Cerrado, uma iniciativa do Instituto Taquari Vivo (ITV) em parceria com o WWF-Brasil e a ARCP desde 2022.

Reunindo quatro núcleos de coleta: a Comunidade Quilombola Furnas da Boa Sorte, Assentamento Andalucia (Grupo Gueroba), Assentamento Alambari (Grupo Embaúba) e Comunidade Quilombola Santa Tereza, a ação soma resultados expressivos com mais de 10 toneladas de sementes coletadas, 100 espécies nativas e mais de R$ 500 mil incorporados diretamente às comunidades, beneficiando mais de 100 coletores.

A iniciativa tem por objetivo intermediar o processo de produção de sementes nativas, por meio de coleta sementes pelos moradores que são vendidas para projetos de restauração e recuperação de nascentes no estado de Mato Grosso do Sul.

O impacto é duplo, o cerrado volta a florescer e as famílias conquistam renda extra, como acontece nas famílias da Comunidade Santa Tereza, em Figueirão (MS).

Lá, a coleta de sementes deixou de ser apenas uma atividade complementar para se tornar fonte de renda, oportunidade e esperança.

A coletora Rosamaria Cardoso dos Reis viu no projeto a chance de reinvestir na própria propriedade rural. “Da venda dessa semente eu consegui comprar outras sementes de pastagem para a reforma de pasto. Tenho vaca, carneiro e cavalo.

Futuramente quero planejar outras melhorias, como arrumar minha casa e comprar móveis”, relata.

Rosamaria já chegou a entregar 346 quilos de sementes em uma única coleta, garantindo R$ 4 mil em renda. Outro coletor relembra que, em uma safra, chegou a vender 31 espécies diferentes, obtendo a maior renda de sua trajetória.

Atualmente, a renda média anual por coletor na Rede é de R$ 4.150,00.

A expectativa é de crescimento: com o aumento da demanda por sementes no estado, a rede projeta alcançar R$ 11 mil anuais por coletor até 2030, gerando recursos que garantem não apenas a subsistência, mas também investimentos em saúde, educação e bem-estar.

Este fortalecimento da rede está diretamente ligado ao Projeto Caminhos das Nascentes, executado pelo ITV, que visa recuperar mais de 100 hectares na bacia do rio Taquari, no Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari (PENT).

Só essa iniciativa demandará mais de 8 toneladas de sementes nos próximos dois anos. O projeto integra o programa Floresta Viva, financiado pelo BNDES, Petrobras e gerido pelo FUNBIO, que destina recursos a projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros.

Preservar para regenerar

Além da renda, os coletores entendem o valor ambiental da atividade: cada semente carrega a possibilidade de restaurar áreas degradadas “A importância é que a gente ajuda a preservar e incentiva também os novos a não destruir.

Onde há muita queimada, a gente fala que tem que ter muito cuidado com o fogo, porque um descuido pode causar grandes estragos”, reforça Rosamaria.

O Cerrado florescendo de novo

O projeto também tem impacto visível no Cerrado. Áreas antes degradadas começam a se regenerar, com a volta da vegetação e das nascentes.

“Há três, quatro anos, tinha lugar que era tudo aberto. Hoje já fechou. Onde não se via nada, já dá até para encontrar semente de novo”, comemora.

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Wesley Alexandre

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