
As palestras foram uma propositura do vereador Tonhão para debater assuntos em prol das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Autismo foi o tema central de três palestras durante seminário realizado pela Câmara na noite desta quarta-feira (24). Por meio de uma propositura do vereador Tonhão, presidente da Câmara, o defensor público Bruno Henrique Gobbo Gutierrez falou sobre os Direitos dos Autistas; o professor Aroldo Antônio da Silva explicou sobre os benefícios do esporte para pessoas do Transtorno do Espectro Autista (TEA), com a palestra “Corpo e Movimento”; e a professora doutora Sônia Regina Jurado apresentou o “Poder do Laser no tratamento do Autismo, Ansiedade e Depressão.
Além do proponente, o vereador Marco Silva esteve presente. Juliana Salim, secretária de Saúde, e Kátia Cristina da Silva Izaias, diretora da Associação de Pais e Amigos do Autista de Três Lagoas (AMA), também compuseram a mesa de autoridades.

Na abertura do seminário, Tonhão relembrou tudo que já foi feito pela causa autista, ações recentes e crescentes em prol da causa, reforçando o compromisso já alinhado com o chefe do executivo, Doutor Cassiano Maia: a devolução do duodécimo, cerca de R$10 milhões, para ser investido em qualidade de vida para pessoas com TEA. “Pretendo fazer muito mais, esse é só um passo”, finalizou.
O defensor público iniciou lembrando que tem mais de 15 anos de carreira e pouco se falava antes. “Quando cheguei aqui na cidade, nem me lembro de atendimentos em prol desta causa. Depois da pandemia que explodiu”, relatou e na sequência já ressaltou: “a primeira coisa que deve fazer é passar por especialista para uma avaliação e obter um laudo, um atestado”. De acordo com Bruno, só assim é possível cobrar os direitos.
Outro destaque para as orientações do defensor foi o fato de que novas terapias só são liberadas após todos os recursos do Sistema Único de Saúde terem sido testados ou por expressa orientação médica. Ou seja, não adianta procurar na justiça por novos tratamentos se o SUS oferece opções que ainda podem servir. Bruno finalizou citando que “é dever do STF intervir quando interesses fundamentais são violados”, ou seja, enquanto um direito do cidadão não for atendido corretamente, a justiça deve atuar.
O segundo palestrante da noite, professor Aroldo, já iniciou dando uma dica para profissionais que trabalham com autistas: “é preciso ter uma anamnese dessa criança, adulto ou idoso autista, pois ele pode ter alguma especificidade”.
Sobre os esportes que podem ajudar, fez algumas indicações, sempre alertando que para cada tipo de suporte ou necessidade há um esporte mais adequado: “os individuais com estruturas previsíveis, como natação e ciclismo; atividades que unem corpo e mente e boa regulação, como ioga e pilates; esportes de combate adaptado, desenvolvendo disciplina, respeito e controle, como judô e karatê; etc. Para fazer a implementação, introdução desses esportes, sempre com os pais ou alguém de confiança”, ressaltou Aroldo.
Sônia encerrou o seminário trazendo dados técnicos, científicos e um questionamento: “o autismo é uma neuroinflamação? Então temos que desinflamar”. Reforçando o tempo todo que “todo mundo tá inflamado”, a professora doutora clamou que é preciso desinflamar as pessoas com TEA.
Explicando tudo sobre o que é uma inflamação, a origem do Laser, Sônia defendeu os efeitos da Laserterapia no cérebro:
- Aumenta a neurogênese
- Produção de serotonina
- Melhoria das redes neurais de longo alcance
- Neuroproteção e redução do estresse oxidativo
- Maior oxigenação e melhora do fluxo sanguíneo cerebral
- Aumento da função cognitiva, concentração e atenção
- Fator Neurotrófico derivado do Cérebro (BNDC)
- Fator de Crescimento Nervoso (NGF)
- Maior motivação mental, resistência e produtividade
Após o ciclo de palestras, o presidente da 2ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB – Três Lagoas), Tiago Martinho, que é autista, recordou que antes a causa só era lembrada em abril, no Dia do Orgulho Autista. “Agora, parece que o ano todo estão pensando nas pessoas com TEA”, celebrou.
O advogado aproveitou sua fala para fazer um pedido: “No início do ano, passou a vigorar uma lei estadual de fornecimento gratuito de medicamentos à base de canabidiol, os quais são importantes não só para pessoas com TEA. Assim, peço que no âmbito do município seja aprovada uma lei semelhante”.
Por fim, Tiago Martinho desabafou que o autista não tem um dia de paz. “E ouvir uma pessoa dizer, na ONU, que paracetamol causa TEA, chega a ser doloroso. E esse seminário combate essa desinformação”, ressaltou.
Kátia Cristina, representando a AMA, alertou as mães que possuem parceria e tem um equipamento para realizar a Laserterapia gratuitamente. E, dirigindo-se ao Tonhão, propositor do seminário, agradeceu: “as mães de autistas nem sempre podem estar presentes em eventos como esse, mas pode ter certeza que são imensamente gratas pela transmissão online, pois certamente estão acompanhando ou irão assistir esse seminário em outro horário”.
PALESTRANTES
- Bruno Henrique Gobbo Gutierrez é defensor público da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, com graduação em Direito pelo Centro Universitário Euripedes de Marília (2005).
- Aroldo Antônio da Silva é graduação em Licenciatura Plena – Educação Física, pela Faculdades Integradas Stella Maris. É professor de Educação Infantil na Rede Municipal desde 2007. Possui graduação em Pedagogia pelo Grupo CESC Cursos; especialização em Educação Infantil e Séries Iniciais pela AEMS; pós-graduação em ABA (Análise do Comportamento) pelo Grupo CESC Cursos. Foi professor de Primeiros Socorros no curso de Enfermagem (SESC) 2014 e 2015. É docente na AEMS, no curso de Educação Física, e gestor escolar no CEI Professor Neife de Souza Lima.
- Sônia Regina Jurado é doutora em Fisiopatologia Clínica Médica (2005) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp); mestre em Biologia Humana e Experimental (1998) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); especialista em Morfologia (1997) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); e graduada em Ciências Biológicas (1995). Tem 42 artigos publicados em revistas indexadas nacionais e internacionais; 30 capítulos de livros; 50 resumos expandidos e 106 resumos simples em eventos técnico-científicos. Participou como organizadora de dois livros, a saber “Saúde e Meio Ambiente” e “Saúde, Medicina e Estética”. Atualmente, é professora titular da UFMS. Atua há 27 anos na docência universitária. Tem experiência na área de Medicina, Enfermagem e Biologia, desenvolvendo pesquisas em Saúde Coletiva e Saúde Pública, bem como atividades de extensão universitária de Educação em Saúde. É revisora dos periódicos “Lasers in Medical Sciences” (Estados Unidos), “Revista Referência” (Portugal), “Revista Cuidarte” (Colômbia), “Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia” (Brasil), “Revista Em Extensão” (Brasil) e “Revista Eletrônica do Programa de Educação Tutorial/Três Lagoas-MS” (Brasil). Integra o conselho editorial da editora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da “Revista Em Extensão”.
TEXTO: Cadu Xavier
FOTO: Gabriela Fernandes