CAVALO CRIOULO Buzinaço, lágrimas e adrenalina marcam final da Marcha de Resistência em Jaguarão

Foi ao som de buzinaços e sacudindo a boina com o braço estendido em sinal de vitória, que a ginete Carolina Bundt, de Dom Pedrito (RS), cruzou o pódio da 23ª Marcha Anual de Resistência do Cavalo Crioulo, no Parque do Sindicato Rural de Jaguarão na manhã deste sábado (28/06). Montando a rosilha Adrenalina da Catú, da Cabanha do Ruta, de Aceguá (RS), (box 23), por 750 quilômetros ao longo de 15 dias, a agrônoma conquistou o primeiro lugar na categoria Égua Maior e na classificação Geral.

Ela completou a última etapa da prova com tempo de 1 hora e 54 minutos, consolidando o favoritismo e fechando o percurso em 66 horas, 42 minutos e 12 segundos, 18 minutos a menos do que o segundo colocado: o cavalo castrado Herdeiro da Estância Velha, da Cabanha Quebra Pedra, de Dom Pedrito (RS), montado por Humberto do Amaral (box 66).

A conquista veio na maior de todas as marchas já realizadas pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), que contou com 65 conjuntos inscritos em quatro categorias.

A força da agrônoma de 25 anos arrancou lágrimas de quem acompanhava a prova nos quilômetros finais, seja na caçamba das caminhonetes que costeavam os competidores, seja na linha de chegada ou entre os mais de 1,3 mil telespectadores que assistiram a transmissão pelo YouTube da ABCCC.

Apesar da uma rápida perda de posição nos quilômetros finais para a dupla Juan Peirano e Pacífica Posadeña (box 35), Freio de Alpaca e filha do ícone Colibri Matrero, a retomada da liderança veio com força e alegria.

Estudante de Medicina Veterinária, Carolina é ginete acostumada com enduros e marchitas, tendo estreado em 2011. Em 2024, ao lançar-se na disputa da Marcha de Resistência de Santa Vitória do Palmar (RS), venceu a categoria Égua Menor, e, na prova deste ano, já havia finalizado duas etapas na primeira colocação, tendo terminado a sexta-feira (27/6) na liderança.

“Foi um prêmio muito merecido por 15 dias de muita emoção e adrenalina. A égua andou a velocidades altíssimas”, frisou William Melo, que capitaneou a apresentação da prova ao lado do comentarista Caco Azambuja.

A conquista de Carolina Bundt foi dedicada ao amigo e parceiro de cavalgadas desde a infância Renato Kummer, vítima de trágico acidente que deixou a família do cavalo Crioulo em luto ao ceifar quatro vidas em maio passado, entre eles os filhos do também criador Álvaro Dumoncel.

“Chegar até aqui foi uma vitória. Apesar de ter corrido essa marcha de coração partido com a passagem do meu irmão Renato, essa prova foi uma homenagem para ele e para o Lelo. Dedico também ao Ramão Rodrigues por me dar a oportunidade de montar esse fenômeno”, frisou a ginete, referindo-se à parceria com a Cabanha do Ruta, de quem adquiriu cota da égua Adrenalina da Catú.  

Enfrentando alguns dos dias mais frios registrados no Rio Grande do Sul neste ano, os competidores da marcha superaram muito mais do que os 750 km do trajeto.

A Marcha de Resistência ganha espaço na agenda do Cavalo Crioulo pela confraternização e irmandade entre os criadores. Patrono da marcha deste ano, o crioulista João Alberto Dutra Silveira reforçou a integração da diretoria e do time da ABCCC na realização da competição.

“Essa prova tem resultados que provam o discurso da grandiosidade da raça”, ressaltou. A importância da agenda também foi reforçada pelo vice-presidente de Comunicação da ABCCC, Daniel Gonçalves, que acompanhou a competição direto de Jaguarão.

“Agradeço a toda equipe de trabalho que viabilizou essa marcha e que fez acontecer. Nossas provas de resistência ganharam outra dimensão. Frequento há bastante tempo a marcha e estou admirado com o que vi hoje aqui no parque”, comentou.

Uma raça, múltiplas funções

A 23ª Marcha Anual de Resistência do Cavalo Crioulo também valorizou a pluralidade de atributos do Cavalo Crioulo.

Coroando os diferentes usos da raça, a prova concedeu a três conjuntos a Tríplice Coroa, mérito a animais que se destacam na resistência, mas também trazem na garupa premiações em Morfologia e no Freio.

A Estância GAP São Pedro, de Uruguaiana (RS), conquistou o mérito em dobradinha com a fêmea colorada rabicana salina Gap Madalena, montada por Gustavo Domingues (box 16); e com a colorada salina Jaboticaba da GAP São Pedro, montada por Bolívar Balsemão (box 39).

O cavalo colorado Exuberante das Três Argolas, pertencente ao Condomínio Auxílio na Reconstrução do RS, também levou o título montado por Gustavo Salis Martins (box 01)  

A Marcha Anual de Resistência 2025 conta com o patrocínio de Grupo Nissul Gala, La Invernada, La Madre e Vetnil, além do apoio de Supra, Oviedo, Augusto Uhry e Associação Brasileira de Criadores de Corriedale.

Na foto:  Carolina Bundt montando  Adrenalina da Catú
Crédito da Foto: Alice Rosa/  Divulgação ABCCC

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