Conflito entre Israel e Irã acende alerta global: veja como se proteger dos efeitos que pressionam o preço dos combustíveis no Brasil 

Mesmo com cessar-fogo, tensão entre Israel e Irã mantém o petróleo em alta e aumenta risco de reajustes; Norte e Nordeste já sentem os primeiros impactos

Foto: arquivo

Mesmo após o anúncio de um cessar-fogo firmado em 24 de junho de 2025, com mediação dos Estados Unidos, o conflito entre Israel e Irã continua gerando instabilidade nos mercados internacionais.

Apesar da trégua estar tecnicamente em vigor, o cenário permanece tenso e incerto, sem sinais de um acordo de paz duradouro.

O Irã, importante produtor e exportador global de petróleo, permanece no centro das atenções, e qualquer sinal de retomada das hostilidades afeta diretamente o preço do petróleo e, por consequência, o valor dos combustíveis no Brasil. 

Segundo especialistas, o momento é de cautela.

O Brasil, embora produtor de petróleo, ainda depende da importação de tipos específicos para compor o mix ideal de refino, o que o torna sensível às oscilações do mercado internacional.

De acordo com Marcelo Braga, Diretor de Mobilidade e Operações da ValeCard, o repasse dos aumentos já é percebido em algumas regiões do país. 

“Desde a escalada do conflito, o petróleo Brent oscilou entre US$ 65 e US$ 80 por barril. Distribuidoras que atuam nas regiões Norte e Nordeste, mais expostas à importação, já iniciaram o repasse desse aumento. Também observamos uma interrupção na tendência de queda no preço do diesel”, explica Braga. 

Efeitos logísticos e econômicos de um possível bloqueio

Embora o cessar-fogo esteja vigente, o risco de bloqueio no Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo transportado por via marítima no mundo — permanece real.

Um fechamento total ou parcial da rota elevaria significativamente os custos logísticos globais, com impacto direto nos fretes, prêmios de seguro e tempo de transporte, além de gerar incertezas que afetam toda a cadeia de abastecimento de combustíveis. 

Rotas alternativas, como as que passam pelo Mar Vermelho, continuam vulneráveis a ataques e atos de pirataria por grupos regionais, o que reforça a percepção de risco no comércio marítimo de petróleo. 

Impactos econômicos globais

A manutenção das tensões amplia a pressão inflacionária em países dependentes da importação de combustíveis, como o Brasil.

Energia mais cara encarece toda a cadeia de bens e serviços, reduz o poder de compra da população e eleva os custos operacionais de empresas — especialmente as que operam grandes frotas ou têm logística intensa. 

Tendências para o mercado de combustíveis

No curto prazo, a tendência é de preços voláteis e repasses pontuais ao consumidor. Embora o barril não tenha ultrapassado os US$ 80, as oscilações constantes e a percepção de risco já bastam para manter os preços elevados.

Caso as tensões se agravem ou ocorram incidentes em rotas estratégicas, o mercado pode responder com novas altas.

Por outro lado, avanços diplomáticos reais poderiam gerar um alívio e eventual recuo nos preços. 

Em resumo, estamos numa trégua instável, com militarização ativa, iniciativas diplomáticas em curso, mas com potencial de retorno às hostilidades a qualquer momento. 

Recomendações para empresas e consumidores

Diante desse cenário, a ValeCard, empresa especializada em meios de pagamento e soluções para mobilidade corporativa, reforça que tanto consumidores quanto empresas devem adotar uma postura mais estratégica diante da instabilidade.

Para motoristas, Marcelo Braga recomenda abastecer de forma preventiva e consciente. 

“Mantenha o tanque sempre acima da metade e evite abastecer em momentos de alta súbita. Em tempos de incerteza, essa simples prática evita impactos maiores no orçamento. Além disso, práticas como aceleração suave, pneus calibrados e manutenção em dia reduzem o consumo de combustível”, orienta o executivo. 

Para gestores de frotas, a ValeCard recomenda:

1. Monitoramento em tempo real: Utilize sistemas de gestão de abastecimento para rastrear consumo por veículo, rota e condutor. 

2. Roteirização eficiente: Otimize trajetos e turnos para reduzir a quilometragem e melhorar a eficiência. 

3. Manutenção preventiva: Um veículo bem mantido pode consumir até 15% menos combustível. 

4. Treinamento de condutores: A direção econômica reduz desperdícios e padroniza boas práticas operacionais. 

5. Diversificação da matriz energética: Sempre que viável, adotar veículos flex, a gás ou elétricos reduz a exposição a combustíveis mais caros. 

6. Política de abastecimento clara: Estabeleça regras e limites para abastecimento conforme o tipo de veículo e região. 

7. Abastecimento estratégico: Planeje para manter os tanques sempre acima de 50%, evitando a necessidade de abastecer em momentos desfavoráveis. 

Victoria Ribeiro Souza

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