Corrida do Pantanal: histórias de mulheres que encontraram força e propósito no esporte

Foto: arquivo

“Para mim, a corrida se resume a uma palavra: extraordinária. Pelo simples fato de ela amenizar os dias difíceis, me alegrar ainda mais em dias felizes, me ajudar a entender e colocar pra fora uma força que, às vezes, eu duvidava ter. Nas redes sociais, eu costumo chamar as pessoas para viver esse extraordinário que a é corrida para mim”. É assim que a empreendedora Thamiris de Oliveira, de 33 anos, define a corrida de rua, já que esse esporte protagonizou momentos importantes da vida dela. 

Ela conta que lembra como se fosse ontem aquele 12 de outubro de 2014, quando tudo começou com um simples convite de amigos para participar da antiga Volta das Nações.

Era a sexta edição da prova, a maior já realizada, com mais de 26 mil inscritos.

Daí em diante seguiu firme no esporte, até 2018, com a primeira gestação. Ainda treinou alguns meses, mas depois veio a pausa inevitável para viver a maternidade de forma exclusiva e, junto com ela, o sobrepeso. 

“O start para voltar aconteceu quando me olhei no espelho e não me reconheci mais. Comecei com caminhadas, depois pequenos trotes, até conquistar quilômetro por quilômetro. A corrida, minha velha amiga e parceira de todas as horas, entrou em ação mais uma vez. Juntas, eliminamos o excesso de peso e recuperamos o ritmo”, revelou. Nesse processo, Thamiris também buscou ajuda com profissionais de nutrição e de educação física. 

Em 2022, a carioca que morava há dez anos em Campo Grande se mudou com a família para Recife (PE), onde começou a se preparar intensivamente.

No meio do ciclo, veio o diagnóstico de TEA (transtorno do espectro autista) do filho. Foram dias difíceis, mas bastava calçar o tênis para encontrar forças.

Vieram as meias-maratonas, o bom condicionamento, pódios, boas colocações, ela estava no auge e decidiu encarar a “grandona”.

É como a Thamiris se refere à maratona, prova de 42 km. Neste caso, ela escolheu a Maratona do Rio, em 2024, para celebrar uma década dedicada a esse esporte.

Em outubro deste ano, ela vai viver mais um capítulo extraordinário: o retorno a Mato Grosso do Sul. “Estou muito feliz por voltar a morar em Campo Grande e, no mesmo 12 de outubro em que tudo começou há 11 anos, vou correr de novo 10 km, agora na Corrida do Pantanal.

Porque algumas histórias merecem ser corridas e reescritas sempre”, finalizou.

Outra história de inspiração entre os inscritos da Corrida do Pantanal também é de uma mulher que escolheu Mato Grosso do Sul para ser lar, na capital.

Mais um ponto em comum: ela também teve a corrida de rua como a maior aliada. Neste caso, para conseguir ressignificar a dor e a vida. 

A mineira Suzana Baroli sempre gostou de correr, desde adolescente. Em 2016, começou a ser orientada por uma assessoria esportiva e melhorou sua performance consideravelmente, de 5, para 7, 10, 15km de percurso.

Dois anos depois, concluiu sua primeira meia-maratona, depois a segunda, ela vivia o melhor momento no esporte, até sofrer uma queda repentina.

Em dezembro de 2019, o marido Fernando, que também praticava esporte, influenciado pela própria Suzana, teve um AVC hemorrágico e faleceu.

Um episódio fulminante, rápido e inesperado. “Foi um choque, a gente estava junto há 18 anos, contando namoro e casamento e, de repente, me vi sem chão, sem esperança, com medo, desesperada, sozinha para cuidar de duas crianças e preocupada se eu ia dar conta ou não”, confessou.

Ao longo do processo do luto, ela contou que se sentiu deprimida, que só pensava em proteger os filhos Matheus, de 10 anos, na época, e Pedro, de 7, ao mesmo tempo que tentava lidar com a dor de perder seu parceiro de vida. 

A força para se reerguer veio através de um “combo”, como a Suzana gosta de falar, combo de oração e corrida. “Depois de meses vivendo no automático, eu tive um estalo, eu precisava melhorar pelos meus filhos. Me apeguei a corrida de novo, era o meu remédio diário.

Nesses 5 anos e 8 meses que estou viúva, vejo o tanto que Deus fez na minha vida, o tanto que evolui como pessoa, principalmente como mãe.

A vida é um sopro e a gente precisa viver o melhor que Deus tem pra nós”, exclamou. 

O retorno da Suzana ao esporte já teve duas maratonas concluídas. Ela também começou a pedalar e nadar e, mais recentemente, participou do Ironman 70.3, que é uma das formas de triatlo de meia distância, no Rio de Janeiro.

Dentre as três modalidades, a corrida de rua é a queridinha. Na Corrida do Pantanal, a servidora pública vai encarar os 21km e deixa um recado.

“Pra quem nunca correu, comece! Quem sabe não é o esporte que vai te fazer renascer. A corrida pra mim é isso, me faz renascer todos os dias, principalmente naquele dia que está mais difícil, é só fazer uma corridinha, que a gente volta energizado, renovado, revigorado e pronto pra vida”, aconselhou.

Corrida do Pantanal 2025

A Corrida do Pantanal chega à sua 4ª edição como o maior evento de corrida de rua do Centro-Oeste. Pela primeira vez, a prova será realizada em dois dias, 11 e 12 de outubro.

No dia 11, haverá corrida kids e caminhada de 5km. Já no dia seguinte, serão realizadas as corridas de 5, 10 e 21km.

Um fim de semana inteiro dedicado ao esporte, com provas para todas as idades e níveis de preparo, em percursos que conectam natureza, cidade e superação.