
*Por João Victorino
Apesar de muitas pessoas acreditarem que o dinheiro físico acabará em breve, devido ao fato de grande parte da população optar por realizar seus pagamentos por meios digitais – como cartões de crédito, de débito e o queridinho Pix -, penso que não desaparecerá totalmente no futuro, embora seja um fato de que seu uso deverá diminuir de forma bastante significativa nos próximos anos.
No entanto, ainda que os pagamentos digitais ganhem cada vez mais espaço, especialmente pela praticidade e segurança, muitas pessoas ainda não têm dinheiro físico, seja por questões culturais, falta de acesso a serviços bancários ou até resistência a mudanças tecnológicas. Além disso, existem regiões mais remotas do país onde a tecnologia ainda não é suficientemente difundida, fazendo com que o dinheiro físico continue indispensável.
Outro ponto importante é o custo de produção das notas e moedas, que realmente pode ser um inconveniente significativo. Fabricar, armazenar e distribuir dinheiro físico gera despesas elevadas para os governos, incluindo materiais especiais para conseguir evitar falsificações, manutenção de máquinas impressoras, logística e segurança. Por isso, muitos países buscam investimentos em meios digitais, economizando recursos públicos.
Além do impacto ambiental associado à produção, circulação e descarte do dinheiro físico. Notas e moedas requerem recursos naturais como metais, papel, tintas especiais e diversos materiais sintéticos, contando também com a energia específica para sua fabricação e transporte. Nesse contexto, um eventual fim ou redução drástica do dinheiro físico poderia gerar benefícios ambientais consideráveis.
Por outro lado, a digitalização total traz riscos em relação ao controle sobre a privacidade e liberdade financeira das pessoas. Se todas as transações forem exclusivamente digitais, isso permitirá que governos ou instituições financeiras acompanhem absolutamente todas as operações financeiras realizadas, o que pode levar a questões éticas e preocupações sobre vigilância e uso indevido de dados pessoais.
Lembro também que cada vez mais vemos relatos de ataques cibernéticos acessando dados e informações de contas correntes, enquanto no dinheiro físico reduzimos o risco. Importante lembrar que o dinheiro é um dos valores de um país identidade, que a diferenciação, que estabelece, assim como o hino, a bandeira, o espaço físico, então deve ser preservado, e no ambiente 100% digital temos uma preocupação a mais sobre essa preservação.
Neste sentido, resolvemos elencar 5 vantagens e 5 vantagens sobre o dinheiro físico, que podem impactar o seu uso daqui para frente:
Vantagens
1. Aceitação universal: é amplamente aceita em praticamente todos os lugares, principalmente em pequenos estabelecimentos ou regiões mais afastadas, onde meios eletrônicos podem não estar disponíveis.
2. Privacidade: não deixa rastros das transações realizadas, permitindo maior privacidade financeira e anonimato em compras pessoais.
3. Controle psicológico: ao usar dinheiro físico, é mais fácil visualizar o valor gasto, ajudando a manter maior controle dos gastos diários. O dinheiro físico também serve para a educação financeira das crianças em transações de compras, por conta do troco. E muita gente ainda se beneficia da guarda e separação física do recurso em envelopes ou potes com destinação dos recursos.
4. Menos dependência tecnológica: funciona sem eletricidade ou acesso à internet, o que é especialmente importante em locais remotos ou situações de emergência.
5. Menos taxas: ao contrário de cartões ou apps, o dinheiro físico não envolve custos ou taxas adicionais para o consumidor final.
Desvantagens
1. Risco de perda ou roubo: se perdido ou roubado, dificilmente pode ser recuperado.
2. Falta de praticidade: pode ser inconveniente carregar notas e moedas, especialmente para transações maiores.
3. Potencial de falsificação: notas falsas podem gerar prejuízos financeiros ao consumidor.
4. Limitações em compras online: não é adequado para transações pela internet, restringindo opções de consumo e acesso a ofertas online.
5. Preocupações sanitárias: durante a pandemia da Covid-19, tivemos uma preocupação com contaminação através das células.
Ainda assim, entre vantagens e desvantagens, para que o dinheiro físico acabe completamente, precisaríamos superar grandes desafios sociais e econômicos, como garantir que todos tenham acesso igualitário e confiável aos meios digitais. Embora o dinheiro físico tenda a ser cada vez menos utilizado pela população, ainda deve existir por bastante tempo, especialmente como opção complementar aos meios digitais.
Portanto, é essencial analisar cuidadosamente as implicações sociais, ambientais e éticas antes de defender o fim total do dinheiro físico. O ideal talvez seja uma convivência equilibrada entre meios digitais e físicos, garantindo inclusão financeira, proteção à privacidade e preservação da liberdade individual.
* João Victorino é administrador de empresas, professor de MBA do Ibmec e educador financeiro. Com uma carreira bem sucedida, busca contribuir para que as pessoas melhorem suas finanças e prosperem em seus projetos e carreiras. Para isso, idealizou e liderou o canal A Hora do Dinheiro com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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