“Menstruar não deveria ser motivo de vergonha”, diz ginecologista sobre desafios enfrentados por adolescentes

“Menstruar não deveria ser motivo de vergonha”, diz ginecologista sobre desafios enfrentados por adolescentes

“Menstruar não deveria ser motivo de vergonha”, diz ginecologista sobre desafios enfrentados por adolescentes

A Dra. Ana Paula Fonseca, ginecologista especialista em teens, alerta para os impactos físicos e emocionais da falta de orientação e estrutura adequada durante o período menstrual

No dia 28 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Higiene Menstrual, uma data criada para chamar atenção para um tema muitas vezes negligenciado: a pobreza menstrual. No Brasil, essa realidade atinge milhões de meninas que, sem acesso a produtos de higiene, infraestrutura básica e informação, têm sua saúde e educação comprometidas.
De acordo com dados do UNICEF e do UNFPA, mais de 4 milhões de meninas não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, e cerca de 713 mil vivem sem banheiro ou chuveiro em casa. Essa falta de condições leva muitas adolescentes a faltar às aulas durante o período menstrual, o que compromete o desempenho escolar e pode, em casos mais graves, resultar em evasão.
Além disso, a ausência de absorventes e locais apropriados faz com que muitas jovens recorram a alternativas improvisadas, como panos, roupas velhas ou até mesmo miolo de pão — o que aumenta o risco de infecções e outros problemas de saúde.
Para a ginecologista Dra. Ana Paula Fonseca, especialista no atendimento a adolescentes, o problema exige uma abordagem ampla e sensível.
“Menstruar não deveria ser motivo de vergonha ou constrangimento. Quando a adolescente entende o que está acontecendo com o corpo dela, ela se sente mais segura e preparada”, destaca a médica.
Segundo ela, é comum que as meninas cheguem ao consultório com receio e dúvidas básicas.
“É comum meninas chegarem assustadas, sem saber se o que estão vivendo é normal. A falta de orientação gera medo, ansiedade e até vergonha de conversar com os pais ou professores.”
Dra. Ana Paula reforça que a ginecologia tem também um papel educativo essencial.
“Precisamos normalizar a menstruação, falar sobre isso com naturalidade. O atendimento ginecológico deve ser acolhedor, informativo e sem julgamentos.”
Ela também defende que o diálogo seja incentivado nas escolas e dentro de casa.
“Se a menina sente dor, está desconfortável e não encontra espaço para falar sobre isso, algo está muito errado. A escuta ativa e o acolhimento são fundamentais.”
Enquanto iniciativas pontuais de distribuição de absorventes ocorrem em diferentes regiões do país, especialistas ressaltam que a verdadeira mudança virá por meio de educação menstrual contínua, investimento em infraestrutura e combate ao estigma.
“A dignidade menstrual começa com informação. Quando uma menina conhece o próprio corpo, ela se protege, se empodera e se sente respeitada”, conclui a ginecologista.

DAIANE BOMBARDA
Jornalista/Assessoria de Imprensa

Foto – Divulgação