Ministério Público barra construção de hidrelétrica no Rio Sucuriú por risco ambiental

Ministério Público barra construção de hidrelétrica no Rio Sucuriú por risco ambiental

Ministério Público barra construção de hidrelétrica no Rio Sucuriú por risco ambiental

O Ministério Público Estadual (MPE) abriu um inquérito civil para investigar a legalidade da licença ambiental concedida à construção de uma usina hidrelétrica no trecho final do Rio Sucuriú, em Mato Grosso do Sul. A medida atende a denúncias feitas há dez anos, alertando para os impactos da obra na reprodução de peixes na região.

Segundo o MPE, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) autorizou a instalação como se fosse uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), que gera até 30 MW, embora o projeto da usina de Inocência preveja capacidade de até 48 MW — o que a classificaria como uma hidrelétrica convencional, sujeita a outro tipo de licenciamento.

A usina está prevista para ser erguida entre os municípios de Água Clara, Três Lagoas e Inocência, alagando cerca de 4.947 hectares e interferindo em 150 km do rio antes do ponto de encontro com o lago da UHE Jupiá.

Outro ponto criticado é a dispensa da exigência de estruturas que permitam a migração de peixes, contrariando estudos anteriores que apontavam essa necessidade. O MPE destaca que o projeto compromete o maior trecho de águas livres do Sucuriú, considerado ambientalmente frágil.

Atualmente, a bacia do rio já abriga 16 empreendimentos hidrelétricos entre CGHs e PCHs, o que aumenta a preocupação com o impacto cumulativo na fauna aquática e no ecossistema local.

Conforme a promotora Andréia Cristina Peres da Silva, a nova usina será a mais ineficiente entre todas as que funcionam na mesma bacia hidrográfica.

Numa breve comparação, ela mostra que a usina que está logo acima, a Bandeirante, tem capacidade para gerar 28 megawats e inunda apenas 268 hectares, o equivalente a 10,44 MW por km2 de área alagada.

Em função disto, “o impacto ambiental da usina não se justifica diante da baixa energia gerada, especialmente por afetar o último grande trecho lótico do Rio Sucuriú”, conclui a promotora.

Nesse sentido, exige novos estudos e esclarecimentos do Imasul e da Aneel, que foi autorizado para ser construído pela empresa Minas PCH.

Sem contar que com uma nova hidrelétrica, o Sucuriú está prestes a receber em suas margens da fábrica de celulose da Arauco, que vai utilizar diariamente em torno de 250 milhões de litros de água, o que equivale a praticamente todo o consumo diário da cidade de Campo Grande.

João Maria Vicente, com informações do Correio do Estado

Foto – Arquivo Internet